Bento XVI: santidade é imprimir Cristo em si
CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 2 de novembro de 2010 (ZENIT.org) – Apresentamos a intervenção que Bento XVI dirigiu nessa segunda-feira, solenidade de Todos os Santos, ao rezar ao meio-dia o Angelus junto aos peregrinos na praça de São Pedro.
Queridos irmãos e irmãs:
A solenidade de Todos os Santos, que hoje celebramos, convida-nos a elevar o olhar ao Céu e a meditar sobre a plenitude da vida divina que nos espera. “Somos filhos de Deus, e o que seremos ainda não se manifestou” (1 Jo 3, 2): com essas palavras, o apóstolo João nos assegura a realidade de nossa futura relação com Deus, assim como a certeza de nosso destino futuro. Como filhos amados, por esse motivo, recebemos também a graça para suportar as provas desta exigência terrena, a fome e a sede de justiça, as incompreensões, as perseguições (Cf. Mt 5, 3-13), e ao mesmo tempo herdamos já desde agora o que se promete nas bem-aventuranças evangélicas, “nas quais resplandece a nova imagem do mundo e do homem que Jesus inaugura” (Bento XVI, Gesù di Nazaret, Milão 2007, 95). A santidade, imprimir Cristo em si mesmo, é o objetivo da vida do cristão. O beato Antonio Rosmini escreve: "O Verbo se havia impresso nas almas de seus discípulos com seu aspecto sensível... e com suas palavras... tinha dados aos seus esta graça... com a que a alma percebe imediatamente o Verbo” (Antropologia soprannaturale, Roma 1983, 265-266. E nós experimentamos com antecedência o dom da beleza da santidade cada vez que participamos da Liturgia eucarística, em comunhão com a “multidão imensa” dos bem-aventurados, que no Céu aclamam eternamente a salvação de Deus e do Cordeiro (Cf. Apocalipse 7, 9-10). "À vida dos Santos, não pertence somente a sua biografia terrena, mas também o seu viver e agir em Deus depois da morte. Nos Santos, torna-se óbvio como quem caminha para Deus não se afasta dos homens, antes pelo contrário torna-se-lhes verdadeiramente vizinho (Deus caritas est, 42).
Consolados por esta comunhão da grande família dos santos, amanhã comemoraremos todos os fiéis defuntos. A liturgia de 2 de novembro e o piedoso exercício de visitar os cemitérios nos recordam que a morte cristã forma parte do caminho de assimilação a Deus e que desaparecerá quando Deus for tudo em todos. Se bem que a separação dos afetos terrenos é certamente dolorosa, não devemos ter medo dela, porque quando está acompanhada da oração de sufrágio da Igreja, não pode quebrar os profundos laços que nos unem em Cristo. Nesse sentido, São Gregório de Nisa afirmava: “Quem criou tudo com sabedoria, deu esta disposição dolorosa como instrumento de libertação do mal e possibilidade para participar nos bens esperados (De mortuis oratio, IX, 1, Leiden 1967, 68).
Queridos amigos, a eternidade não é “uma sucessão contínua de dias do calendário, mas algo parecido com o instante repleto de satisfação, onde a totalidade nos abraça e nós abraçamos a totalidade” (Spe Salvi, 12) do ser, da verdade, do amor. Encomendemos à Virgem Maria, guia segura para a santidade, nossa peregrinação para a pátria celestial, enquanto invocamos sua maternal intercessão pelo descanso eterno de todos os nossos irmãos e irmãs que dormiram na esperança da ressurreição.
Traduzido por ZENIT
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