Muitas vezes fui questionado sobre a espiritualidade da obra do amor infinito, tantas vezes tentei mostrar a quem me questionava, o sentido, o valor e a necessidade de cultivar essa espiritualidade. Se acompanharmos o pensamento e a pedagogia desta espiritualidade, revelada à Madre Luisa Claret de La Touche, vamos penetrar em um grande mistério. É como já dizia um amigo sacerdote franciscano “mistério não é para ser entendido e sim vivido”.
Então essa monja visitandina que ao nascer na segunda metade do século XIX, falecida no começo do século XX. Foi instrumento deste grande mistério à nós propostos por Deus, o livro Sagrado Coração e o Sacerdócio, escrito pela Madre traça um perfil apuradíssimo quanto ao propósito de Deus ao suscitar nela a sua vontade, dividindo em quatro partes, seus escritos fazem brevemente um grande louvor a Jesus sacerdote eterno. Em poucas palavras cada uma de suas partes vão sendo subdivididas em capítulos, e em cada um deles a Madre vai transcrevendo as revelações particulares que Nosso Senhor Jesus Cristo quer nos mostrar e ao mesmo tempo ensinar.
Gostaria nesta pequena contribuição ater-me à segunda parte, ou seja, aquela que trata das virtudes sacerdotais do coração de Jesus, Jesus Cristo, divino modelo do sacerdócio,, todos sabemos que o sacerdote é um outro Cristo, é o ungido do Senhor. Ele passa como passava Jesus: fazendo o bem, consolando à dor, apontando as verdades, levando-nos, ao arrependimento e perdoando pecados, tudo isso sem olhar para trás, sem nada edificar de temporal neste mundo.
O Espírito de Oração, primeira virtude sacerdotal do coração de Jesus, imitando o próprio Jesus deve procurar um pouco mais profunda, uma penitência mais austera, uma oração mais fervorosa e mais constante. A doação, segunda virtude sacerdotal do coração de Jesus, o sacerdote ao doar-se aos irmãos, repete gestos de Jesus, ao receber o caráter indelével torna-se vítima santa oferecida ao Pai, pelos pecados do povo. Em conseqüência disto ele abandona laços de família, suas ambições, suas satisfações, tudo que é carnal e mundano. Terceira virtude sacerdotal do coração de Jesus, o zelo, e com esse desejo ardente da glória de Deus e da salvação dos homens, torna-o um grande apaixonado lutador contra o mal, contra erros de doutrina, erros de moral, falsas interpretações das sagradas escrituras; pela sua vida, exemplos, palavra, nota-se que o sacerdote é soldado de Cristo.
A quarta virtude sacerdotal do coração de Jesus é a mansidão a mansidão gera bondade e forma sublime e delicada que atrai a si muitos outros. A mansidão é temperada pelo zelo, pelo encanto evangélico, arrebata corações.
Chega-se à conclusão que todas as virtudes do coração de Jesus desembocam na maior de todas virtudes: A Humildade e obediência.
O maior rei, a maior majestade, o maior soberano, o detentor de todos os poderes, injuriado, desprezado, caluniado, torna-se o miserável do miseráveis.
Ele sempre mostra-se submisso ao Pai, Jesus sempre gloriou-se de fazer a vontade de seu Pai, sempre obedeceu as leis de Moisés, as observâncias do culto. O sacerdote deve ser manso e humilde de coração, como seu mestre, reconhecer sua fraqueza, saber reconhecer sua impotência diante de Deus, ser submisso a Santa Igreja, reconhecer a autoridade hierárquica, é preciso que o sacerdote sempre se revista de humildade, pois é ela que nos faz amar à Deus.
A espiritualidade da obra do amor infinito constitui-se na vigilância pela oração e na preocupação com os sacerdotes de todo o mundo, é característica de sua atuação a observância do silêncio, tanto silêncio na oração pelos sacerdotes, quanto silêncio àquilo que refere-se não querer ser envaidecida por sua prática. O apostolado desta obra só começa quando as pessoas se entregam verdadeiramente à Deus, o ponto alto da consagração à essa obra é o recomeçar sempre. É preciso estar na vigilância, na caridade.
O carisma desta obra é o sacerdote difundindo a misericórdia, semeando o amor, o padre não pode ser apóstolo se antes não for discípulo, pois toda a obra está baseada toda ela na humildade, então o que conta é a obediência.
Partindo deste princípio os consagrados e aqueles que buscam a consagração, reúnem-se sempre para rezar pelos sacerdotes e diáconos, pedindo que se for da vontade de Deus, que Ele acolha-às e nos ensine a sermos instrumentos da evangelização e intercessores dos sacerdotes e diáconos.
Pois quem é Filho da Igreja deve à Igreja, obediência, respeito, fidelidade e empenho em sua obra evangelizadora.
“O Amor infinito vivente no divino coração de Jesus, revelai-vos ao mundo a fim de que todos vos ame como vós quereis ser amado”.
Diác. Anderson Ferreira da Silva
Paróquia Catedral Bom Jesus
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