A Eucaristia na vida do sacerdote -Parte I
Dom Fernando Guimarães - Bispo Diocesano de Garanhuns
Carta Pastoral aos Padres e Seminaristas na Quinta-Feira Santa de 2009
“Com efeito, eu mesmo recebi do Senhor o que vos transmiti: na noite em que foi entregue, o Senhor Jesus tomou o pão e, depois de dar graças, partiu-o e disse: ‘Isto é o meu corpo, que é para vós; fazei isto em memória de mim’. Do mesmo modo, após a ceia, também tomou o cálice, dizendo: ‘Este cálice é a nova Aliança em meu sangue; todas as vezes que dele beberdes, fazei-o em memória de mim’. Todas as vezes, pois, que comeis desse pão e bebeis desse cálice, anunciais a morte do Senhor até que ele venha. Eis porque todo aquele que comer do pão ou beber do cálice do Senhor indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor” (1 Cor 11, 23-27).
Sem querer descer aos detalhes de uma exegese deste texto bíblico, podemos no entanto realçar como, desde a mais antiga narrativa da instituição da Eucaristia, aparecem unidos, em íntima correlação, alguns elementos que constituem um dos pilares da Igreja e da vida cristã. É sobre eles que quero refletir com vocês, queridos Padres e Seminaristas da Diocese de Garanhuns, neste dia solene em que comemoramos, com toda a Igreja Católica, a instituição da Eucaristia e do nosso Sacerdócio:
- inicialmente, a Eucaristia, instituída por Cristo para sua Igreja – pão que é seu corpo, cálice que é seu sangue, o sangue da nova Aliança – e que é sinal e atualização, no tempo, da sua morte redentora, como também anúncio profético da plenitude do Reino, na vinda definitiva do Senhor;
- em seguida, o mandato que ele nos deixou de renovar este gesto e este sinal, e que faz os apóstolos e seus sucessores capazes de agir in persona Christi Capitis et Pastoris, para reunir a comunidade de fé e para oferecer, com ela e por ela, o mesmo sacrifício do Cristo, confeccionando a Eucaristia;[1]
- enfim, a santidade, obra maravilhosa da graça com a colaboração efetiva do homem, à qual são chamados todos os discípulos de Cristo e que constitui uma exigência intrínseca para nos aproximar de ambos os Sacramentos.
Desejo tratar estes temas em três momentos distintos: a) inicialmente, desejo traçar um breve panorama do sentido teológico do Sacerdócio católico e da relação necessária que ele tem com a Eucaristia; b) em um segundo momento, desejo indicar alguns pontos concretos que podem ajudar a traduzir o pensamento teológico na vida sacerdotal de todos os dias; c) e, finalmente, como uma conclusão, procurarei apresentar uma rápida reflexão sobre a sacralidade da liturgia e do nosso Sacerdócio, indicações importantes, em um mundo secularizado, para a renovação da nossa espiritualidade sacerdotal.
Bispo Diocesano de Garanhuns
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