CIÊNCIA E FÉ UNIDAS
Por todos os cientistas e pessoas da cultura, para que, por meio da busca sincera da verdade, possam chegar ao conhecimento do único Deus verdadeiro.
Os avanços da ciência
A ciência alcançou metas que há bem pouco tempo eram inimagináveis e este progresso continua em demanda de aperfeiçoamento em todos os campos: medicina, astronomia, conhecimento da natureza…
A beleza e extensão que o saber científico alcançou na nossa época enche-nos de assombro, ao conhecer os confins do universo e esquadrinhar aquilo que era considerado um mistério.
Estamos, por isso, agradecidos pela generosa dedicação de muitos homens e mulheres da ciência que nos abriram os vastos campos do saber humano. A capacidade científica aplicada ao serviço do ser humano tornou possíveis grandes avanços técnicos que melhoraram a vida das pessoas.
Tudo isto nos leva a ter confiança na razão e nas suas capacidades. Com efeito, quem poderá negar a contribuição que os grandes sistemas filosóficos deram para o desenvolvimento da auto-consciência do homem e ao progresso das várias culturas?
A investigação que se orientou para a observação da natureza chegou a desvendar muitos dos seus segredos, o que tem contribuído, inegavelmente, ainda que não sempre, para a preservação da mesma natureza, em vários sectores.
A investigação científica tem, certamente, o seu valor positivo. O descobrimento e incremento das ciências matemáticas, físicas, químicas e das ciências aplicadas são fruto da razão e expressam a inteligência com que o homem consegue penetrar nas profundezas da criação.
Fé e ciência
A fé e a ciência possuem campos próprios e até certo ponto independentes, e têm a sua autonomia que deve ser respeitada, mas não se contradizem nem se anulam uma à outra, antes devem colaborar em ordem ao progresso e ao bem-estar do ser humano. De facto, não existe contradição entre ciência e fé, pois as duas apresentam perspectivas diferentes entre si.
Mas a ciência perde o seu papel específico quando se apresenta como único saber legítimo, desqualificando as outras formas de saber. Pelo contrário, a razão deve permanecer aberta e deixar-se guiar pela razão ética iluminada pela fé que orientará os seus avanços de acordo com os critérios da justiça e do bem comum.
A fé não teme o progresso da ciência e do desenvolvimento a que conduzem as suas conquistas, quando estas têm por fim o homem, o seu bem-estar e o progresso de toda a humanidade. Acontece, porém, que nem todos os cientistas orientam as suas investigações para estes fins. A ganância fácil ou, pior ainda, a arrogância de substituir o Criador desempenham, por vezes, um papel determinante.
Por outro lado, a ciência não é capaz, só por si, de elaborar princípios éticos; só pode acolhê-los e reconhecê-los como necessários.
Isto não significa, de modo nenhum, limitar a investigação científica ou impedir a técnica de produzir instrumentos de desenvolvimento; consiste, pelo contrário, em manter o sentido de responsabilidade que a razão e a fé possuem frente à ciência, para que esta permaneça ao serviço do homem.
A razão sente e descobre que, para além daquilo que já alcançou, existe uma verdade que nunca poderá descobrir partindo de si própria, mas que deve receber como um dom gratuito. A verdade da revelação não se sobrepõe à que é alcançada pela razão; pelo contrário, purifica a razão e enaltece-a, permitindo-lhe dilatar os seus próprios espaços.
A verdade conduz a Deus
Quando os cientistas e homens da cultura em geral realizam um caminho sincero e honesto de busca da verdade, não podem deixar de chegar ao conhecimento de Deus. S. Paulo afirma claramente esta verdade: «Desde a criação do mundo, as perfeições invisíveis de Deus, tais como o seu poder eterno e a sua divindade, podem ser contempladas através da inteligência (…). Os homens, portanto, não têm desculpa» (Rm 1, 20).
Contudo, ao longo da história, esta verdade foi negada, e também no nosso tempo se escutam vozes, provenientes sobretudo do âmbito científico, que chegam a duvidar que se possa afirmar a existência de Deus sem as descobertas da ciência deixarem de ser rigorosas.
Esta afirmação significa que quando a ciência não conduz a Deus, ou o cientista se deixou orientar por preconceitos ou os caminhos que seguiu eram errados.
A Intenção Geral do Santo Padre para este mês convida todos os cientistas a transformarem o seu assombro em adoração, capaz de reconhecer a marca de Deus na vastidão e beleza de uma criação que os ultrapassa. Convida-os a continuarem na busca sincera da verdade que será sempre um caminho que conduz a Deus.
Intenção Missionária
A IGREJA É MISSIONÁRIA
Que a Igreja, consciente da sua identidade missionária, se esforce por seguir fielmente a Cristo e proclamar o seu Evangelho a todos os povos.
«A Igreja é missionária pela sua própria natureza – escreve João Paulo II na encíclica Redemptoris Missio – já que o mandato de Cristo não é algo contingente e externo, mas alcança o coração mesmo da Igreja. Por isso, toda a Igreja e cada Igreja é enviada aos vários povos» (n. 62).
O mandato de Cristo é claro: «Ide por todo o mundo e fazei discípulos a todos os homens, baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo» (Mt 28, 18). Cristo é a fonte inesgotável da missão da Igreja. Ele, como dono da messe, guia-a sem cessar.
A acção missionária da Igreja é de todos os tempos e deve manifestar-se sempre num novo impulso, perante os múltiplos e graves problemas que se vão apresentando à sua missão evangelizadora. As condições em que vive a humanidade vão mudando, mas a essência missionária da Igreja continua.
Apesar de tudo o que já foi feito, ainda há muito por fazer a fim de responder ao chamamento missionário que o Senhor não deixa de dirigir a todos os baptizados.
Deve, de facto, haver um «intercâmbio de dons» que redunde em benefício de todo o Corpo Místico de Cristo, segundo os carismas de cada um. Com efeito, o chamamento de Cristo para propagar o seu Reino é universal.
A primeira e principal contribuição que devemos dar à Igreja é a oração. É na oração que temos de lembrar-nos das imensas necessidades espirituais de tantos povos ainda afastados da verdadeira fé. Todas as comunidades cristãs devem elevar a sua oração ao «Pai que está nos céus», para que venha o seu Reino à terra. É necessário estabelecer uma rede espiritual como apoio à evangelização.
A Intenção Missionária do Papa para este mês leva-nos a reforçar a iniciativa missionária permanente da Igreja. Oremos este mês para que cresça em nós e em todos os cristãos a consciência de ser responsáveis por comunicar a Boa Notícia do Evangelho a todos os povos.
António Coelho, s.j.
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