Uma lição sobre o sacerdócio: foi o que Bento XVI deu, na manhã deste dia 18, na Sala das Bênçãos, no Vaticano, durante o encontro que manteve – neste Ano Sacerdotal – com o clero de sua diocese – Roma - acompanhados pelo cardeal vigário do papa, Agostino Vallini.
A reflexão do pontífice teve a forma de uma lectio divina, centrada em alguns trechos da Carta aos Hebreus.
Sacerdotes plenamente homens e completamente de Deus, com o coração animado por um sentimento em especial – a compaixão pelo mundo e suas misérias, e animados pela obediência a Deus, que não significa renúncia, mas sim um ato de livre adesão a Ele.
Com base nessas premissas, Bento XVI desenvolveu sua lectio divina com os sacerdotes romanos, partindo do que era a visão do Messias no Antigo Testamento e comparando-a com aquilo que Cristo realmente representou na história da salvação. Na convicção antiga, o Messias deveria revestir, sobretudo, um aspecto de realeza. O autor da Carta aos Hebreus – afirma ao invés, o papa – descobre o versículo do Salmo 110... "Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque"... e o insere em seu texto, lançando uma nova luz sobre toda a Bíblia.
"Jesus não apenas cumpre a promessa de Davi, a expectativa do verdadeiro rei de Israel e do mundo, mas realiza também a promessa do verdadeiro sacerdote (…) Descobrindo esse versículo dos Salmos, o autor da Carta aos Hebreus compreende que em Cristo estão unidas as duas promessas: Cristo é o verdadeiro rei, o Filho de Deus (...) mas também o verdadeiro sacerdote, e assim, todo o mundo do culto, toda a realidade dos sacrifícios, do sacerdócio que busca o verdadeiro sacerdote e o verdadeiro sacrifício, encontra em Cristo a sua chave e o seu cumprimento."
O sacerdócio, portanto, "aparece na sua pureza e na sua verdade mais profunda" –acrescentou o pontífice, sublinhando outra característica do sacerdócio de Cristo, que dá sentido à vocação de todo e cada um de sues ministros consagrados... Um sacerdote para ser realmente mediador entre Deus e o homem, deve ser homem (...) e o Filho de Deus se fez homem justamente para ser sacerdote, para poder realizar a missão do sacerdote (...)
"Esta é a missão do sacerdote (...) - disse Bento XVI - ser mediador, ser ponte que une e, assim, conduz o homem a Deus, à sua redenção, à sua verdadeira luz e à sua verdadeira vida." Se um sacerdote é uma "ponte" que coloca em comunhão a humanidade com a divindade, a sua alma, primeiramente, deve nutrir-se – reafirmou Santo Padre – com a oração cotidiana e constante, e com a Eucaristia.
"Somente Deus pode atrair-me a mim mesmo, pode autorizar-me, pode introduzir-me na participação do mistério de Cristo; somente Deus pode entrar na minha vida e tomar as minhas mãos (...) Sempre e de novo, devemos retornar ao sacramento, retornar a esse dom no qual Deus me dá aquilo que eu jamais poderia dar (...) um sacerdote deve ser realmente um homem de Deus, deve conhecer Deus de perto, e O conhecer em comunhão com Cristo. Devemos viver essa comunhão."
Essa opção de vida – insistiu Bento XVI – exige que um sacerdote seja um homem que desenvolve sentimentos e afetos segundo a vontade de Deus. Uma conversão que não é simples, sobretudo se se considera aquela indulgência que existe na mentalidade corrente.
"Assim se diz: "Mentiu, é humano; roubou, é humano." Mas esse não é o verdadeiro ser humano. Humano é ser generoso, humano é ser bom, humano é ser um homem de justiça (...) e portanto, saindo – com a ajuda de Cristo – desse obscurecimento da nossa natureza (...) é um processo de vida que deve começar na educação ao sacerdócio, mas deve realizar-se e prosseguir durante toda a nossa vida."
Um sacerdote que é, antes de tudo, um homem plenamente realizado, tem o coração voltado para a compaixão. Não é o pecado – observou o papa – o sinal da "solidariedade" para com a fraqueza humana, mas sim a força de compartilhar o peso, para redimi-lo e purificá-lo, com a mesma capacidade de se comover que Jesus teve em sua vida, e que lhe permitiu fazer chegar o seu grito de compaixão "até os ouvidos de Deus".
"Nós, sacerdotes, não podemos nos retirar em exílio, mas estamos em meio à paixão deste mundo e devemos – com a ajuda de Cristo e em comunhão com Cristo – buscar transformar este mundo e conduzi-lo a Deus." Por fim, a obediência... assim explicada pelo pontífice..."Obediência - explicou o pontífice - é uma palavra que não nos agrada nos dias de hoje. Obediência se parece com alienação, com uma atitude de servilismo (...) No lugar da palavra "obediência", queremos como palavra-chave antropológica a "liberdade". Mas, considerando essa questão de perto, vemos que essas duas palavras caminham lado a lado (...) Porque a vontade de Deus não é uma vontade tirânica (...) mas é justamente o lugar onde encontramos a nossa verdadeira identidade (...) Peçamos realmente ao Senhor, para que nos ajude a ver intimamente, que esta é a liberdade, e para que possamos, assim, entrar com alegria nessa obediência e tomar pela mão o ser humano e levá-lo, com o nosso exemplo, com a nossa humildade, com a nossa oração e com a nossa ação pastoral – à comunhão com Deus." (AF)
Sacerdotes plenamente homens e completamente de Deus, com o coração animado por um sentimento em especial – a compaixão pelo mundo e suas misérias, e animados pela obediência a Deus, que não significa renúncia, mas sim um ato de livre adesão a Ele.
Com base nessas premissas, Bento XVI desenvolveu sua lectio divina com os sacerdotes romanos, partindo do que era a visão do Messias no Antigo Testamento e comparando-a com aquilo que Cristo realmente representou na história da salvação. Na convicção antiga, o Messias deveria revestir, sobretudo, um aspecto de realeza. O autor da Carta aos Hebreus – afirma ao invés, o papa – descobre o versículo do Salmo 110... "Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque"... e o insere em seu texto, lançando uma nova luz sobre toda a Bíblia.
"Jesus não apenas cumpre a promessa de Davi, a expectativa do verdadeiro rei de Israel e do mundo, mas realiza também a promessa do verdadeiro sacerdote (…) Descobrindo esse versículo dos Salmos, o autor da Carta aos Hebreus compreende que em Cristo estão unidas as duas promessas: Cristo é o verdadeiro rei, o Filho de Deus (...) mas também o verdadeiro sacerdote, e assim, todo o mundo do culto, toda a realidade dos sacrifícios, do sacerdócio que busca o verdadeiro sacerdote e o verdadeiro sacrifício, encontra em Cristo a sua chave e o seu cumprimento."
O sacerdócio, portanto, "aparece na sua pureza e na sua verdade mais profunda" –acrescentou o pontífice, sublinhando outra característica do sacerdócio de Cristo, que dá sentido à vocação de todo e cada um de sues ministros consagrados... Um sacerdote para ser realmente mediador entre Deus e o homem, deve ser homem (...) e o Filho de Deus se fez homem justamente para ser sacerdote, para poder realizar a missão do sacerdote (...)
"Esta é a missão do sacerdote (...) - disse Bento XVI - ser mediador, ser ponte que une e, assim, conduz o homem a Deus, à sua redenção, à sua verdadeira luz e à sua verdadeira vida." Se um sacerdote é uma "ponte" que coloca em comunhão a humanidade com a divindade, a sua alma, primeiramente, deve nutrir-se – reafirmou Santo Padre – com a oração cotidiana e constante, e com a Eucaristia.
"Somente Deus pode atrair-me a mim mesmo, pode autorizar-me, pode introduzir-me na participação do mistério de Cristo; somente Deus pode entrar na minha vida e tomar as minhas mãos (...) Sempre e de novo, devemos retornar ao sacramento, retornar a esse dom no qual Deus me dá aquilo que eu jamais poderia dar (...) um sacerdote deve ser realmente um homem de Deus, deve conhecer Deus de perto, e O conhecer em comunhão com Cristo. Devemos viver essa comunhão."
Essa opção de vida – insistiu Bento XVI – exige que um sacerdote seja um homem que desenvolve sentimentos e afetos segundo a vontade de Deus. Uma conversão que não é simples, sobretudo se se considera aquela indulgência que existe na mentalidade corrente.
"Assim se diz: "Mentiu, é humano; roubou, é humano." Mas esse não é o verdadeiro ser humano. Humano é ser generoso, humano é ser bom, humano é ser um homem de justiça (...) e portanto, saindo – com a ajuda de Cristo – desse obscurecimento da nossa natureza (...) é um processo de vida que deve começar na educação ao sacerdócio, mas deve realizar-se e prosseguir durante toda a nossa vida."
Um sacerdote que é, antes de tudo, um homem plenamente realizado, tem o coração voltado para a compaixão. Não é o pecado – observou o papa – o sinal da "solidariedade" para com a fraqueza humana, mas sim a força de compartilhar o peso, para redimi-lo e purificá-lo, com a mesma capacidade de se comover que Jesus teve em sua vida, e que lhe permitiu fazer chegar o seu grito de compaixão "até os ouvidos de Deus".
"Nós, sacerdotes, não podemos nos retirar em exílio, mas estamos em meio à paixão deste mundo e devemos – com a ajuda de Cristo e em comunhão com Cristo – buscar transformar este mundo e conduzi-lo a Deus." Por fim, a obediência... assim explicada pelo pontífice..."Obediência - explicou o pontífice - é uma palavra que não nos agrada nos dias de hoje. Obediência se parece com alienação, com uma atitude de servilismo (...) No lugar da palavra "obediência", queremos como palavra-chave antropológica a "liberdade". Mas, considerando essa questão de perto, vemos que essas duas palavras caminham lado a lado (...) Porque a vontade de Deus não é uma vontade tirânica (...) mas é justamente o lugar onde encontramos a nossa verdadeira identidade (...) Peçamos realmente ao Senhor, para que nos ajude a ver intimamente, que esta é a liberdade, e para que possamos, assim, entrar com alegria nessa obediência e tomar pela mão o ser humano e levá-lo, com o nosso exemplo, com a nossa humildade, com a nossa oração e com a nossa ação pastoral – à comunhão com Deus." (AF)
Sexta-feira, 19 de Fevereiro de 2010
Sem. Agnaldo Bueno
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