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segunda-feira, março 22, 2010

Bento XVI: precisamos de sacerdotes que falem de Deus ao mundo

O Santo Padre deteve-se sobre o tema do encontro “Fidelidade de Cristo, fidelidade do Sacerdote”, reiterando o valor do celibato e convidando os sacerdotes a contrastarem aqueles reducionismos que querem transformar o padre num “agente social”.

A saudação ao Papa foi feita pelo Prefeito da Congregação para o Clero, Cardeal Cláudio Hummes. O purpurado brasileiro manifestou a sua “plena solidariedade, comunhão, apoio e oração” ao Papa, em tempos “não fáceis e muitas vezes repletos de sofrimentos para a Igreja”.

O mundo de hoje precisa de sacerdotes que sejam profundamente tais. Bento XVI reiterou que numa época que “tende a desvanecer todo tipo de concepção de identidade, por muitos considerada contrária à liberdade e à democracia”, é preciso considerar de modo bem claro “a peculiaridade teológica do Ministério ordenado”.

Isso deve ser feito para não se “ceder à tentação de reduzi-lo às categorias culturais dominantes”:

“Num contexto de difusa secularização, que progressivamente exclui Deus da esfera pública e, de modo tendencial, também da consciência social partilhada, muitas vezes o sacerdote é visto como “estranho” à percepção comum, justamente pelos aspectos mais fundamentais de seu ministério, como o ser homem do sagrado, tirado do mundo para interceder em favor do mundo, em tal missão constituído por Deus e não pelos homens.”

O Papa observou que “é importante superar perigosos reducionismos” que, nos anos passados, “apresentaram o sacerdote quase com um “agente social”, correndo o risco de trair o próprio Sacerdócio de Cristo. Ao invés, é preciso “reafirmar, também em nossos dias, o valor sagrado do celibato”. Ele é “uma autêntica profecia do Reino – explicou o Pontífice – “expressão da doação de si a Deus e aos outros”:

“Como se mostra sempre mais urgente a hermenêutica da continuidade para compreender de modo adequado os textos do Concílio Ecumênico Vaticano II, analogamente se mostra necessária uma hermenêutica que podemos definir como sendo hermenêutica “da continuidade sacerdotal”, a qual, partindo de Jesus de Nazaré, Senhor e Cristo – e passando pelos dois mil anos de história de grandeza e de santidade, de cultura e de piedade vividos pelo sacerdócio – chegue até os nossos dias.”

Bento XVI prosseguiu seu discurso afirmando que no tempo em que vivemos é importante que o chamado ao sacerdócio “floresça dentro do carisma da profecia”:

“É preciso sacerdotes que falem de Deus ao mundo e que apresentem o mundo a Deus; homens não sujeitos a modas culturais efêmeras, mas capazes de viver autenticamente aquela liberdade que somente a certeza da pertença a Deus é capaz de dar.”

O Pontífice ressaltou que “a profecia mais necessária é a da fidelidade, que partindo da Fidelidade de Cristo à humanidade, mediante a Igreja e o Sacerdócio ministerial, leve a viver o próprio sacerdócio na total adesão a Cristo e à Igreja”.

De fato, “o sacerdote não pertence mais a si mesmo, mas é “propriedade” de Deus” – foi a sua reflexão. E esse seu “ser de Outro” – acrescentou – “deve tornar-se reconhecível por todos, mediante um límpido testemunho”:

“No modo de pensar, de falar, de julgar os fatos do mundo, de servir e amar, de relacionar-se com as pessoas, como também no vestir, o sacerdote deve adquirir força profética de sua pertença sacramental, do seu ser profundo. Consequentemente, deve cuidar-se de subtrair-se à mentalidade dominante, que tende a associar o valor do ministro não a seu ser, mas à sua função, desconhecendo assim, a obra de Deus que incide na identidade profunda da pessoa do sacerdote, configurando-o a Si de modo definitivo.”

O Papa evidenciou que a vocação do sacerdócio é, portanto, “uma altíssima vocação que permanece um grande Mistério até mesmo para os que a receberam como doação”:

“Os nossos limites e as nossas fraquezas devem induzir-nos a viver e a custodiar com profunda fé tal dom precioso, com o qual Cristo nos configura a Si, tornando-nos partícipes da sua Missão salvífica.”

O Santo Padre reiterou a necessidade de “uma vida profética” que “favoreça o advento do Reino de Deus já presente e o crescimento do Povo de Deus na fé”. O Papa concluiu o seu discurso com uma exortação que constitui também um desafio para os sacerdotes de hoje:

“Caríssimos sacerdotes, os homens e as mulheres do nosso tempo nos pedem somente que sejamos profundamente sacerdotes, e nada mais.”

Por fim, um encorajamento do Santo Padre:

“Os fiéis leigos encontrarão em tantas outras pessoas aquilo de que humanamente precisam, mas somente no sacerdote poderão encontrar aquela Palavra de Deus que deve estar sempre em seus lábios.”

Fonte: http://www.radiovaticana.org/bra/Articolo.asp?c=363860

Sem: Agnaldo Bueno

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